Por: Carina Raquel Borges Caldas Ferraz
Estamos na década das grandes transformações. As escolas, assim como todas as outras entidades e organizações que estão no mundo, fazem parte deste grande contexto global de mudanças. Essa é a grande visão que desponta no cenário educacional: os professores precisam comandar as mudanças, em vez de serem levados por elas. Quem sabe aonde quer chegar pode contribuir mais no processo ensino-aprendizagem.“Em toda a história da escolarização, nunca se exigiu tanto da escola e dos professores quanto nos últimos anos. Essa pressão é decorrente, em primeiro lugar, do desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação e, em segundo lugar, das rápidas transformações do processo de trabalho e de produção da cultura. A educação e o trabalho docente passaram então a ser considerados peças-chave na formação do novo profissional do mundo informatizado e globalizado.” (FREITAS, 2005).
A escola de hoje requer um professor mais crítico, criativo, que participe e que empreenda. Um professor mais inteiro e com mais consciência profissional. Nesse sentido, é importante a formação de um profissional da educação capaz de resolver e tratar tudo o que é imprevisível, tudo que não pode ser reduzido a um processo de decisão e atuação regulado por um sistema de raciocínio infalível, a partir de um conjunto de premissas. (PEREIRA, 2008).
Dessa forma, o professor em formação hoje, deve ser desafiado a ensinar de uma maneira diferente daquela que lhe ensinaram. Utilizamos a pesquisa como forma de propor esse desafio. O professor pesquisador que se encontra imerso no contexto de uma pesquisa, cercado pela realidade de seus sujeitos e objetos, terá condições favoráveis para interpretar e construir novos conhecimentos a partir dos dados analisados.
Pesquisar é reformular algo e transformá-lo em novo. A compreensão da importância da pesquisa em sala de aula contribui para o investimento numa formação continuada de qualidade, uma vez que há por parte do aluno reflexões sobre os processos educacionais desejáveis, tanto em sua formação quanto em sua prática educacional, além da análise de suas concepções de aprendizagem e de ensino.
Além de buscar a realização de um trabalho diferenciado, o professor também deve elaborar suas estratégias de ensino com o objetivo de ampliar os conhecimentos dos alunos e as suas expectativas. Como educadora concordo com alguns aspectos do construtivismo e das estratégias de ensino para mudança conceitual, que busca construir um modelo alternativo para compreender as concepções dos estudantes dentro de um esquema geral que permita relacioná-las e ao mesmo tempo diferenciá-las dos conceitos científicos apreendidos na escola: a noção de perfil conceitual. (MORTIMER, 2001).“O resgate das experiências significativas do professor em formação serve de paradigma para que ele realize o mesmo em relação aos seus estudantes. (...) Em simetria, o uso dos conhecimentos construídos pelos professores em formação serve para propor experiências significativas aos estudantes do ensino básico, que, do mesmo modo, podem resgatar aquilo que conhecem ao resolverem novas situações.” (CARVALHO; PORTO, 2005, p.19).
Essa noção permite entender a evolução das idéias dos estudantes em sala de aula não como uma substituição de idéias alternativas por idéias científicas, mas como a evolução de um perfil de concepções, em que as novas idéias adquiridas no processo de ensino-aprendizagem passam a conviver com as idéias anteriores, sendo que cada uma delas pode ser empregada no contexto conveniente. Através dessa noção é possível situar as idéias dos estudantes num contexto mais amplo que admite sua convivência com o saber escolar e com o saber científico.
Com essas experiências o professor em formação poderá enfrentar as variadas situações problemas de sala de aula, assumindo sua auto-educação, desenvolvendo espírito crítico e autônomo no encaminhamento de seu percurso educacional e profissional.
Referências Bibliográficas
CETEB. Tendências do Ensino de Ciências e de Biologia. Brasília, 2009.
CARVALHO, M.J.S.; PORTO, L.S. Portfólio Educacional: proposta alternativa de avaliação. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2005.
FREITAS, M.T.M. et alii. O Desafio de ser Professor de Matemática Hoje no Brasil. In FIORENTINI, D. NARACATO, A.M. (org). Cultura, Formação e Desenvolvimento Profissional de Professores que Ensinam Matemática. Campinas: Editora Gráfica FE/UNICAMP, 2005.
MORTIMER, E. F. O construtivismo, mudança conceitual e ensino de ciências: para onde vamos? Disponível em: < http://www.if.ufrgs.br/public/ensino/N1/2artigo.htm> Acesso em: 03 de fev. de 2009.
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