sexta-feira, 28 de junho de 2013

Teorema de Tales em livros-texto

QUE PROPOSIÇÃO ESCOLHER?
                         Profa. Dra.  Regina de Cassia Manso de Almeida (CTAIBB/UFF1)

RESUMO: Este artigo trata do teorema de Tales enquanto uma mesma nomeação para diferentes proposições da geometria plana. Tal questão surgiu quando eu analisei livros-texto representativos entre aqueles usados para o ensino-aprendizagem da geometria dedutiva no Brasil, a partir do século XIX. O estudo histórico esclareceu a origem e o porquê desta denominação em diferentes países, com destaque para o caso brasileiro. O que se constata é que o tema mobiliza discussões importantes e variadas como o desenvolvimento dos conteúdos, dos livros-texto, da rede de influência entre diferentes países.
PALAVRAS-CHAVE: conteúdos da matemática escolar, livro-texto, Tales, História da matemática escolar
INTRODUÇÃO
O teorema de Tales é um conteúdo tradicional da geometria plana escolar, sempre presente em livros-texto da escola básica, sendo uma proposição fundamental no estudo da semelhança de figuras geométricas, envolvendo o conceito de grandeza e seus desdobramentos como comensuralidade, incomensuralidade, entre outros. No entanto, quando o objetivo é conhecer o que os livros-textos usados no ensino apresentam como teorema de Tales, nos deparamos com uma questão crucial - a do nome, porque teorema de Tales2 nomeia diferentes proposições. Daí a pergunta – qual proposição escolher?
Tal questão surgiu quando eu fiz um estudo da abordagem dedutiva em geometria plana em livros-texto usados para o ensino no Brasil a partir do século XIX. O conjunto dos livros analisados mostrou que o nome teorema de Tales aparece pela primeira vez, por volta da segunda década do século passado, não havendo qualquer referência à origem desse uso. Nesse sentido, com base nos autores Patsopoulos e Patronis (2006), fui buscar um esclarecimento que me permitiu apresentar também um quadro geral do que ocorreu em outros países.
O CASO DO BRASIL
Compõem a amostra desse estudo, as seguintes obras usadas para o ensino da geometria dedutiva em nosso país, a partir do século XIX:
ƒ Elementos de Geometria pelo Marquês de Paranaguá, Rio de Janeiro,
Typographia Austral, 1838;
ƒ Elementos de Geometria e Trigonometria Rectilinea compilados por C. B.
Ottoni, 9ª edição da Editora Francisco Alves, Rio de Janeiro, sem data (1ª ed. 1853);
ƒCurso de Geometria por Timotheo Pereira, Livraria Francisco Alves, Rio de
Janeiro, 2ª edição de 1898 e 11ª edição de 1927;
ƒElementos de Geometria por André Perez y Marin e Carlos F. de Paula, 3ª
edição da Companhia Melhoramentos de São Paulo, sem data (1ª ed. 1912);
ƒElementos de geometria, livro da série de publicações F.I.C., sem edição, 1933; versão para o português de Eugenio de Barros Raja Gabaglia;
ƒCurso de Matemática, 3ª Serie II - Geometria, Euclides Roxo, edição da
Livraria Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1931;
ƒMatemática Ginasial, Euclides Roxo, Mello e Souza, Cecil Thiré, 4ª série, 2ª edição da Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1945;
Curso de Matemática, 4ª Série – Curso Ginasial, Algacyr Munhoz Maeder, 13ª. Edição da Edição Melhoramentos, 1959;
ƒMatemática – Curso Moderno, Osvaldo Sangiorgi, Companhia Editora
Nacional, volume 4 e 3, São Paulo, 1969.
A designação teorema de Tales consta apenas de cinco dos livros usados no
ensino brasileiro, considerando o conjunto acima: Perez y Marin e Paulo (s.d., 1ª ed. 1912), Elementos de geometria F.I.C. (1933), Roxo (1931), Roxo, Thiré e Mello e Souza (1945), e Sangiorgi (1969).
São as seguintes, as proposições nomeadas como Teorema de Tales:
P.1. Um feixe de retas paralelas determina sobre duas transversais segmentos proporcionais. (Sangiorgi, 1969, p. 146)
P.2. Toda parallela a um dos lados de um triângulo determina outro triângulo semelhante ao primeiro. (Perez y Marin e Paula, s.d., p. 73)
P.3. Dois triângulos equitângulos entre si têm os lados homólogos proporcionais. (Roxo, 1931, p.293)
P.4. Dois triângulos são semelhantes quando têm dois ângulos iguais cada um a cada um. (Roxo, idem, p. 292)
A primeira das proposições acima aparece apenas no livro de Sangiorgi (1969, p. 146), a segunda, nos demais livros, ou seja, Perez y Marin e Paula (s. d., 1ª ed. 1912, p. 73), Elementos de Geometria F.I.C. (1933, p. 93), Roxo (1931, p. 291-292), Roxo Thiré Mello e Souza (1945, p. 223-224), e as de índice P.3 e P.4, acima, constam apenas da obra de Roxo (1931, p.293-292).
O registro do nome teorema de Tales aparece a partir de Perez y Marin e Paula. Mas, consultando os programas do Colégio Pedro II encontramos o seguinte:
Programma de Ensino para o ano de 1915. 64ª. lição: Triângulos semelhantes.
Theoremas. Theoremas de Thales. Coincidentemente consta também pela primeira vez a denominação de outro teorema: 77ª lição: Relações entre superfícies. Theorema de Pythagoras (Beltrame, 2001). Com isso, levantamos evidências de que na segunda metade do século passado essa denominação se estabelece nos conteúdos escolares, considerando a literatura usada no Brasil e também o currículo escolar.
O que dizer sobre a variedade de nomes? No contexto de uma abordagem
dedutiva em geometria plana, afirmamos que as diferentes proposições se correlacionam e que isso deve ser levado em conta na hora de demonstrar. Mas, no que se refere à presença da nomeação das proposições, a investigação histórica dos conteúdos escolares indica pistas.
Tradicionalmente, a história da matemática fez menção aos feitos de Tales. Roxo (1931), com base em Smith (1958), menciona Tales algumas vezes no texto Thales de Mileto, apresentando quais teoremas podem ser atribuídos provavelmente ao antigo matemático. Ele lista seis casos:
1º Os ângulos na base de um triângulo isósceles são iguais.
2º Quando duas retas se cortam, os ângulos opostos pelo vértice são iguais.
3º Um triângulo fica determinado, quando se dá um lado e os ângulos adjacentes.
4º Os lados dos triângulos equitângulos entre si são proporcionais. (Aplicada a medida da altura da pirâmide pela sombra).
5º Qualquer diâmetro divide o circulo em duas partes iguais.
6º O ângulo subentendido pelo diâmetro de um circulo em um ponto qualquer da circunferência é reto. (p. 28-29) Roxo elenca ainda os seguintes casos em que se usa a denominação teorema de Tales, embora, como os outros autores não mencione nada sobre a origem desse uso:
a) A soma dos ângulos de um triângulo é igual a dois retos ou a 180º. (p. 90)
b) Toda paralela a um dos lados de um triângulo forma com os outros dois lados um triângulo semelhante ao primeiro. (p. 291)
c) Dois triângulos equitângulos entre si têm os lados homólogos proporcionais. (p. 293)
O QUE OCORREU EM OUTROS PAÍSES
Patsopoulos e Patronis (2006) discorrem sobre a presença de referências ao nome de Tales em livros-texto e, segundo eles, antes do nome emergir nos livros apareciam apenas os teoremas atribuídos ao antigo matemático. Na tradução do livro de Tacquet por Voulgaris (1805, p. 25) e no original (1722, p. 20) é mencionada a denominação acima; Benjamim Lesbos (1820, p. 90 e p. 21) menciona os casos no 2 e no 6 (idem, p. 60).
A denominação teorema de Tales vai aparecer em poucos livros franceses por volta dos anos 1880. Em 1882, Rouché e Comberousse se referem ao caso geral, “retas paralelas determinam segmentos proporcionais sobre secantes quaisquer”, e o nome ainda é atribuído pelo menos a dois casos particulares: o caso c acima, (Rouché, Camberousse, 1883) e à proposição, “a paralela aos lados de um triângulo divide proporcionalmente os outros dois lados”, (Combettte, 1882). A denominação se estabelece de modo geral nos livros-texto franceses a partir dos anos 1920. Em 1925 aparece no currículo francês.
Há ocorrências do nome teorema de Tales para o caso geral, em livros italianos de geometria analítica (Enrico, 1885, p. 34) e de geometria projetiva (Burali-Forti, 1912, p. 92). Na Inglaterra e Estados Unidos há apenas registros das realizações geométricas de Tales, os quais têm origem no livro de Smith, como vimos ter ocorrido também no Brasil com o autor Roxo (1931). Em livros-texto alemães, o nome é atribuído ao teorema listado como caso a, acima (a soma dos ângulos de um triângulo é igual a 180º) (Schwering, Krimphoff, 1894, p. 53). Em outros países como Espanha, Rússia, Bélgica o nome aparece como no caso da França e Itália e nos países Áustria, República Checa e Hungria vigora o sentido usado na Alemanha. Na Grécia, primeiro aparece o caso alemão, em 1904, mas em 1927 o uso passa a ser o dos livros franceses (idem, p. 61).
Também com os autores Patsopoulos e Patronis (idem) surge uma questão que caracteriza culturalmente a abordagem francesa dos conteúdos em livros-texto, que eu discuti em minha tese de doutorado a partir do livro Elementos de Geometria de Legendre, 1ª edição de 1794, autor que seguindo a tradição francesa de Ramus e Arnauld inverte a ordem de exposição do conteúdo da geometria dedutiva, em relação ao modelo euclidiano (Manso de Almeida, 2008). Legendre trata primeiro a semelhança de triângulos com o uso da proporcionalidade, ao contrário do que se apresenta nos Elementos de Euclides.
Um modo de observar esse padrão euclidiano de abordagem é estudando as
demonstrações do teorema de Pitágoras nos Elementos: este teorema, proposição 47 do Livro I, é demonstrado pelo método da equivalência de área, procedimento que não requer o uso da teoria da proporcionalidade e que caracteriza os três livros subsequentes. A teoria das proporções consta, depois, do Livro V dos Elementos e, a partir daí a proporcionalidade passa a ser usada no desenvolvimento das provas. Outra demonstração do teorema de Pitágoras, a prova pela semelhança de figuras com base nas proporções, vai aparecer como proposição 36 do Livro VI, na obra euclidiana.
O fato é que Euclides usa a equivalência de áreas e a semelhança de figuras para provar igualdades geométricas, numa determinada ordem, e isso significa um critério para o uso da proporcionalidade. Nesse sentido, a tradição francesa transgrida tal modelo em favor do uso das relações proporcionais que, como se sabe, embasam o conceito de semelhança. Por sua vez, as proposições nomeadas como teorema de Tales se referem ao conceito de semelhança. Somos levados, dessa forma, ao reconhecimento de variações no modo de abordagem dos conteúdos em função do contexto cultural, premissa que torna compreensível o surgimento da denominação teorema de Tales na França – a ênfase nas relações proporcionais.
Considerando agora o teorema de Tales, a proporcionalidade dos segmentos de reta que representam os lados do triângulo tem seu equivalente na proposição 2, do Livro VI dos Elementos, portanto, em posição posterior à da teoria da proporcionalidade, ordem que em Legendre também não é obedecida. Mas, tal inversão não foi seguida em livros-texto alemães até os anos 1920, enquanto, na Itália, Euclides era adotado nas escolas.
Nas primeiras décadas do último século, na França, o nome teorema de Tales se tornará comum nos livros-texto, estando associado ao “teorema do feixe de retas paralelas” que foi essencial no desenvolvimento de um novo ramo, a geometria projetiva – campo de estudo em que o conceito de semelhança, que mobiliza as relações proporcionais, ganha um lugar central. Nessa época, surge também um interesse por Tales e os registros históricos ligados ao seu nome, que como sabemos são feitos  envolvendo o conceito de semelhança, fato que pode explicar o uso da nomeação dos teoremas (idem, p. 62-63).
CONCLUINDO
Como já mencionei, o estudo histórico forneceu uma explicação para o uso do nome teorema de Tales em livros-texto. Observe que a nomeação recai sobre proposições relacionadas com o conceito de semelhança, por volta dos anos 1880, no caso da França e, posteriormente, se estabelece de modo geral nos textos franceses e em textos de outros países a partir da segunda década do século XX. Além disso, a tradição francesa de abordagem dos conteúdos da geometria dedutiva foi a de reverter a ordem euclidiana, priorizando o uso das relações proporcionais, ao contrário do que aconteceu
na Alemanha e Itália.
Assim, o surgimento do nome Teorema de Tales nos livros-texto mostra um modo de apropriação da História da Matemática: estaria agregando valor, pelo fato de associar o nome de um matemático famoso a uma proposição fundamental em um novo ramo de estudo, a geometria projetiva, que se desenvolvia, com referência, entre os franceses (Patsopoulos e Patronis, idem). Logo, a origem da nomeação teorema de Tales se relaciona com uma tradição nacional e cultural que nos envia à França.
Os livros-texto usados no ensino da geometria dedutiva, no Brasil, mostram que a variedade das nomeações inclui os casos ocorridos em outros países. Sugere também reconhecer a presença da influência francesa na historiografia escolar do nosso país, pois a ordem de abordagem de Legendre caracteriza a base documental usada neste estudo. Também os livros-texto atestam a presença da nomeação teorema de Tales, entre nós, a partir da segunda década do século XX, de acordo com o que ocorreu em outros países, indicando a presença da influência francesa. E, uma instância importante de entendimento desse processo cultural reside em reconhecer a centralidade do modelo euclidiano de abordagem dedutiva dos conteúdos, quando se busca entender a história do ensino da matemática investigando os conteúdos e os livros escolares.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRAME, J. Os programas de ensino de matemática do Colégio Pedro II: 1837–1932. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2000. Dissertação de Mestrado.
CARVALHO, J. B. P. F. Introdução aos Elementos de Euclides. Rio de Janeiro: Intemat, 2008. (no prelo).
LEHMANN, D.; BKOUCHE, R. Initiation à la géométrie. Paris: PUF, 1982. p. 439-487.
MANSO DE ALMEIDA, R. C. Demonstrações em geometria plana em livros-texto no Brasil a partir do século XIX. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2008. Tese de Doutorado.
PATSOPOULOS, D.; PATRONIS, T. The theorem of Thales: a study of the naming of theorems in school geometry textbooks. International Journal for the History of Mathematics Education, n 1, v. 1, p. 57-68. 2006.
Contido em: http://www.sbemrj.com.br/spemrj6/artigos/d4.pdf, Pesquisado em 28/06/2013 as 14h00.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Teorema de Tales - Aplicações

O Teorema de Tales possui diversas aplicações no cotidiano, constituindo uma importante ferramenta da Geometria no cálculo de distâncias inacessíveis e nas relações envolvendo semelhança entre triângulos. A melhor forma de visualizar as aplicabilidades do Teorema proposto por Tales de Mileto é através de alguns exemplos.

Exemplo 1

Calcule o comprimento da ponte que deverá ser construída sobre o rio, de acordo com o esquema a seguir.
De acordo com a figura temos um triângulo ABC e o segmento DE dividindo o triângulo, sendo formado o triângulo ADE. As informações que temos são as medidas dos seguintes segmentos: AD = 10m, AE = 9m, EC = 18m e DB = x. O valor de DB será determinado através do Teorema de Tales que diz: “retas paralelas cortadas por transversais formam segmentos proporcionais.” Desse modo, podemos estabelecer a seguinte relação:
Portanto, a ponte terá 20 metros de comprimento.

Exemplo 2

Determine o valor de x na figura.
Exemplo 3

Na figura, as retas r, s e t são paralelas, de acordo com Teorema de Tales determine p valor de x.
 
Contido em: http://www.mundoeducacao.com.br/matematica/aplicacoes-teorema-tales.htm. Pesquisado em 27/06/2013 - 14h00.

domingo, 23 de junho de 2013

Tales de Mileto - Um pouco mais sobre esse grande filósofo

625 a.C. - ?

Meio homem, meio lenda, Tales teve uma ascendência histórica obscura. Hábil comerciante, filósofo e matemático, sua obra está na transformação da geometria: de um aglomerado de noções esparsas, em um sistema lógico e coerente.
A vida dos antigos pensadores gregos é frequentemente conhecida apenas de maneira incompleta. Realmente, os primeiros biógrafos não achavam correto divulgar fatos menos importantes concernentes à personalidade dos sábios. Eles julgavam as descobertas destes homens mais que suficientes para que fossem considerados como seres bastante superiores aos comuns mortais. E, como tais, deveriam ter uma imagem semelhante à dos deuses, sendo desprezados os fatos mais corriqueiros de sua vida.
Sobre Tales, embora algumas informações adicionais tenham chegado até hoje, também não se conhece muita coisa. Sabe-se que Tales era filho de pais ricos e nobres: Esamio e Cleobulina, e que nasceu aproximadamente na metade do século VII a.C. Todavia, sua nacionalidade não é conhecida. Heródoto afirma que era fenício, mas outros historiadores não estão seguros a esse respeito. Os estudos de Zeller, historiador da filosofia, levam a crer que fosse originário da Ásia Menor, não sendo confirmado que tenha vindo ao mundo em Mileto, pátria que comumente se lhe atribui.
Se sua cidade natal fosse determinada com precisão, poder-se-ia discutir muito sobre as influências etnológicas que pudessem ter conferido à personalidade de Tales seus múltiplos aspectos, incomuns e interessantes. Poderia ter adquirido dos jônios a capacidade inventiva; ou o talento dos fenícios para os negócios. Contudo, são conjecturas sem fundamento, uma vez que não se dispõe de fontes seguras de informação.
Também sobre os primeiros anos de sua vida muito pouco é conhecido; em sua vida de adulto foi comerciante, demonstrando talento excepcional nessa atividade a ponto de se tornar rico e ganhar condições para viajar muito. Visitou o Egito, onde entrou em contato com a científica - em particular astronômica e geométrica - já então bastante evoluída.
Transcorriam os primeiros anos de migração da cultura grega para o Egito. Mas os gregos que para lá iam, em matéria de Ciência, talvez mais fossem aprender que ensinar. Tales aprendeu ali a teoria dos eclipses do Sol e da Lua, ou, pelo menos, que esses fenômenos se repetem dentro de um ciclo tal que sua previsão se torna possível. Entre os egípcios, a previsão dos eclipses só aparece alguns séculos mais tarde; é pura lenda, portanto, que Tales (utilizando-se dos estudos feitos nos anos passados no Egito) tenha previsto, assinalando com exatidão a hora e o dia em que ocorreria o fenômeno, o eclipse solar de maio de 585 a.C. Todavia, sua fama permanece ligada a esta previsão mencionada por Heródoto.
Na época de Tales, a concepção do Universo era vaga. Somente alguns séculos mais tarde a cultura grega elaboraria a ideia de uma estrutura heliocêntrica do Universo e Erastóstenes ousaria medir as dimensões da Terra, chegando a um resultado tão preciso que competiria com aquele só alcançado no século XIX.
Para os contemporâneos de Tales, a Grécia era o centro do Universo, e a Terra um globo flutuando nas águas. Tales também pensava desta maneira. Mas, se essa concepção era suficiente para explicar como estava colocada a Grécia em relação ao mar, certamente não era suficiente para explicar como estavam dispostos os planetas no espaço e, muito menos, como ocorriam os eclipses. Por isso, julga-se hoje que a previsão de Tales sobre o eclipse de 585 a.C. se deve exclusivamente ao entusiasmo de alguns historiadores, a fim de aumentar seus feitos e suas glórias.
Os estudos de geometria e astronomia mostravam aos pensadores que, com cálculos e intuição, muitos fatos eram explicados: as dimensões dos campos, a distância e altura das montanhas, o movimento dos astros. O pensamento e a Ciência possuíam, portanto, meios para dominar algumas leis do Universo. Entretanto, havia fatos e fenômenos que essas ciências - geometria e astronomia não podiam dominar. E pensavam: por que as substâncias de que são compostos os corpos são todas diferentes? Não seria possível estruturar uma Ciência que permitisse conhecer como todas essas substâncias derivam de um princípio comum? (Na época de Tales não havia Ciência capaz de resolver o problema da evolução do Universo material, e mesmo hoje ela está apenas no início.)
Todos os pensadores sentiam uma necessidade fundamental de descobrir o princípio material segundo o qual tinha evoluído todo o Universo, diferenciando-se depois em todos os seus aspectos. Para Tales, o elemento básico, a partir do qual se tinha formado toda a matéria do Universo, era a água. Um dia, pensava ele, seriam descobertas leis que permitiriam compreender como a água era a origem de todas as coisas.
Quando Tales foi para o Egito, a penetração da cultura grega tinha apenas se iniciado, embora já existissem colônias gregas e os faraós tivessem a seu serviço tropas auxiliares constituídas por mercenários gregos.
Os objetivos das viagens de Tales eram provavelmente o estabelecimento de relações comerciais entre os dois povos. Conciliando suas tarefas mercantis com o estudo, encontrou uma maneira de aprender mais, entrando em contato com pensadores que poderiam ajudá-lo a alargar seus conhecimentos.
Para Tales, cada problema da vida era interessante; provavelmente considerava igualmente importantes um negócio comercial, um problema político, um teorema de geometria, ou ainda uma questão que dissesse respeito à Terra. E suas viagens devem tê-lo levado, além do Egito, à Pérsia e países do Mediterrâneo Oriental. Permitiram-lhe, portanto, estudar as características dos povos com os quais entrava em contato, assimilando suas tendências culturais e políticas.
Seus estudos em geometria devem ser considerados com particular atenção. Os conhecimentos egípcios nesse campo eram rudimentares; estavam em condições de resolver problemas, mas considerando caso por caso, sem partir de princípios gerais. Ainda não tinham ordenado seus conhecimentos num sistema. Não existiam, assim, matemáticos, no sentido que se dá hoje a esse termo.
 

 
Tales aprendeu no Egito a calcular a altura das pirâmides e medir as distâncias dos navios no mar. Estes conhecimentos lhe vieram dos sacerdotes egípcios, depositários da Ciência. Mas, ao contrário de seus mestres - que transmitiam esses conhecimentos como segredos profissionais conquistados duramente e desligados uns dos outros -, Tales pretendeu encontrar neles ordem e razão, estabelecendo uma lógica. Quis, em suma, procurar os caminhos de uma "geometria", como um conjunto ordenado e coerente de proposições que contivesse, em uma sucessão objetiva, as verdades geométricas conhecidas fragmentariamente pelos egípcios.
É possível dizer, mesmo, que Tales forneceu uma nova feição aos conhecimentos egípcios: transformou a geometria, de uma ciência de noções apenas esparsas, num sistema lógico. Depois disso, seguindo seus passos, outros geômetras e matemáticos gregos construíram um sistema matemático e geométrico que permaneceu como a expressão máxima da Ciência da antigüidade, só superada na época do Renascimento.
Também os estudos astronômicos de Tales, ainda que rudimentares, serviram para conduzir o pensamento grego em uma direção mais racional em relação ao que tinha sido anteriormente. A astronomia do período que precedeu a Tales era a de Homero e Hesíodo: uma descrição das constelações e um amontoado de concepções vagas sobre a estrutura do Universo. Se bem que a visão do mundo, segundo Tales, não tenha trazido nenhum progresso decisivo para as concepções modernas, seu pensamento e modo de enfrentar o problema ensinou e permitiu a seus sucessores - entre eles Anaximandro e Anaxímenes - notáveis progressos, que levariam mais tarde ao reconhecimento do Sol como centro do Universo.
Para compreender a personalidade desse grande expoente do pensamento grego, basta citar dois episódios relacionados a ele, que ilustram aspectos opostos de seu temperamento.
Em 582 a.C., o Oráculo de Delfos proclamou-o o primeiro dos sete sábios da antigüidade. Isso significava que suas descobertas eram conhecidas, discutidas e aprovadas pelos sábios do mundo grego.
E também dessa mesma época é a história das azeitonas. Parece que Tales se vangloriava de ser profundo conhecedor de meteorologia (entre outras coisas), ciência que havia estudado por longos anos, recolhendo dados sobre mudanças de tempo. Observava como, a partir de indícios meteorológicos colhidos numa estação do ano, era possível prever as características das seguintes. Tendo, além disso, observado cuidadosamente como as estações influenciavam as safras, em certo ano (segundo conta Aristóteles), prevendo uma excepcional colheita, serviu-se disso para organizar uma colossal especulação, ganhando grande soma em dinheiro. E parece que fazia isso não só por dinheiro, mas para mostrar que a mente do homem de Ciência pode servir também para a solução de problemas práticos.

Não se sabe quando terminou a vida de Tales. Assim como não é conhecida a data do seu nascimento, ignora-se também o ano de sua morte. Sabe-se apenas que viveu por muitos anos, talvez mais que a média de seus concidadãos. Não existem obras escritas que lhe possam ser atribuídas com segurança. O nome de Tales é erroneamente ligado ao célebre teorema das retas paralelas, ao passo que está corretamente associado à afirmação de que a água seria o primeiro princípio de todos os elementos.
 
Contido em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/tales-de-mileto/tales-de-mileto-5.php, consultado em 23/06/2013 as 10h00.   
 

sábado, 22 de junho de 2013

Geometria no teorema de Tales - OA “Escadas” - Escada composta por três degraus para explorarmos conteúdos relacionados


Análise Crítica: Desenvolvimento de Habilidades em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) Através de Objetos de Aprendizagem

Parte 1 (Introdução):

- TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) – conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada, com um objetivo comum. Na área da educação, as TICs são bastante utilizadas no processo de ensino aprendizagem Educação a Distância). (fonte: http://www.infoescola.com/informatica/tecnologia-da-informacao-e-comunicacao/) Obs.: este termo foi somente citado dentro do artigo, mas não foi dado o seu conceito.

- OA (Objetos de Aprendizagem) – qualquer entidade, digital ou não digital, que pode ser utilizada, reutilizada ou referenciada durante o aprendizado apoiado pela tecnologia (WILEY, 2000; IEEE, 2002). Os OA estariam inseridos, portanto, nas TIC.

Em função de ultimamente ter se visto poucos trabalhos relacionados aos OA abordando o conteúdo de Geometria dentro da área de matemática (ocorre mais com os conteúdos de Álgebra), o artigo em questão propõe o uso do OA chamado “Escadas” para o ensino de conceitos de semelhança de triângulos, proporcionalidade e Teorema de Tales.

Parte 2 (Funcionamento do OA Escadas):

Desenvolvido pelo Proativa (Grupo de Pesquisa e Produção de Ambientes Interativos e Objetos de Aprendizagem) da Universidade Federal do Ceará, o OA “Escadas” é composto por uma interface principal, onde aparece uma escada composta por três degraus, onde cada um, quando clicado, irá explorar conteúdos relacionados a Geometria. Os degraus, que podem ser explorados de maneira não-linear, são os seguintes:

- Falando em Matemática – noção teórica sobre semelhança de triângulos e teorema de Tales.

- Sobre Escadas – relações existentes para a construção de escadas e outras curiosidades sobre as mesmas.

- Construção de Escadas – realização da atividade (determinar dimensão dos degraus e outras ferramentas para a construção da escada).

Interface Principal

Interface Construção de Escadas

Parte 3 (Como pode ser usado pelo professor e implicações pedagógicas):

Explorar os seguintes conteúdos:
- Semelhança de Triângulos. Exemplo: verificar que o triângulo ABC é semelhante ao CDE, notando que, ao projetar um triângulo congruente ao CDE que chamaremos de C’D’E’ na base BC do triângulo ABC, se chega as conclusões de que D’=B (90º), E’=C e C’=A (ângulos internos iguais a 180º).

Proporcionalidade e Teorema de Tales. Exemplo: com a representação de feixes de paralelas, fazer questionamentos aos alunos sobre a relação que se tem dos segmentos a, b, a’ e b’. Poder levantar questões também se, caso tivesse outro segmento u de tamanho igual a a e b, se na outra reta transversal o segmento u’ teria mesmo tamanho que a’ e b’.


Parte 4 (Estudo exploratório):

Para validar o uso do OA “Escadas”, foi feita uma investigação exploratória com dois grupos de alunos da 8ª série (grupo A, formado por dois alunos, e grupo B, formado por três alunos).

Foram usadas duas abordagens diferentes com os dois grupos com o intuito de identificar se a aprendizagem ocorreria de modo diferente e para identificar quais as dificuldades ou defasagens que seriam encontradas. Enquanto que no grupo A seria feita uma apresentação aos alunos sobre o OA e em seguida permitir que eles já comecem a explorá-lo, no grupo B seria feita uma apresentação sobre o OA e depois uma explicação teórica sobre semelhança de triângulos e Teorema de Tales. A aplicação do OA foi realizada por pesquisadores diferentes, denominados P1 e P2 para o grupo A e grupo B, respectivamente.

Em ambos os grupos, os alunos relataram que já tinham conhecimentos sobre semelhança de triângulos e Teorema de Tales.

No grupo A, foi observado que um dos alunos era mais cauteloso com o uso do OA em relação ao outro, pelo fato de se ater mais às informações dadas em cada um dos degraus. No grupo B, um dos alunos forneceu os valores do degrau que permitiu a geração de uma escada correta, fazendo com que o grupo gerasse uma nova Escada para tentar entender o que tinham feito.

Depois da atividade, os grupos responderam a um questionário, onde se pôde observar que, em ambos os casos, a intervenção dos pesquisadores P1 e P2 contribuiu bastante para a aplicação do OA.

Parte 5 (Conclusão):

O artigo defende a utilização do OA “Escadas” em relação aos métodos de ensino mais tradicionais, apontado as seguintes características:
- Possibilidade de explorar de forma dinâmica as relações de semelhança de triângulos ao manipular os valores dos degraus;
- Possibilidade de utilizar inúmeras tentativas para construir hipóteses ou estratégias sobre quais conjuntos de valores podem resultar em triângulos semelhantes.
Ele também conclui sobre a importância do professor como mediador dos conhecimentos matemáticos trazidos neste OA.

Análise Crítica:

Creio que “Escadas” pode ser bastante interessante como um meio de abordar os conteúdos de semelhança de triângulos, Teorema de Tales e proporcionalidade. Além de dar uma alternativa diferente de ensino do conteúdo no modo tradicional (com o uso do quadro-negro e giz) caso este não esteja funcionando positivamente em determinados grupos de alunos, o OA “Escadas” também se destaca por permitir ao aluno um manuseamento bastante prático com suas interfaces, podendo o aluno explorar três conteúdos numa atividade só. Isto também facilita o professor a ensinar estes conteúdos e também o ajuda na reutilização desta atividade. Também vejo como fator positivo a inserção dos alunos a situações do mundo real, relacionado-as com os conteúdos matemáticos em questão, podendo provocar um maior interesse por parte dos alunos com o conteúdo abordado.

Portanto, é importante o professor sempre estar alerta a possíveis problemas que poderá encontrar com o uso de ferramentas de ensino nas quais utilizará o computador, como, por exemplo, o desinteresse dos alunos diante da atividade proposta. Desinteresse ocasionado algumas vezes pela exigência que estes possuem quanto a gráficos mais sofisticados, visto que os mesmos têm contato frequente com jogos mais desenvolvidos neste aspecto.

EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E TECNOLOGIA – MAT01074
Guilherme Tadewald Varella – 171038 – gui.varella@hotmail.com
Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Referências:
- DE SOUZA, Maria de Fátima C.; DE CASTRO FILHO, José Aires; PEQUENO, Mauro C.; BARRETO, Daisyane Carneiro; BARRETO, Natasha Carneiro. Desenvolvimento de Habilidades em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) Através de Objetos de Aprendizagem. In: Objetos de Aprendizagem: Uma Proposta de Recurso Pedagógico/Organização: Carmem Lúcia Prata, Anna Christina Aun de Azevedo Nascimento (Pg. 59 – 69). – Brasília: MEC, SEED, 2007.
- http://www.infoescola.com/informatica/tecnologia-da-informacao-e-comunicacao/

Contido em: http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=web&cd=75&ved=0CEgQFjAEOEY&url =http%3A%2F%2Fguivarella.pbworks.com%2Fw%2Ffile%2Ffetch%2F54066704%2FTarefa1_EDUMATEC.doc&ei=Gs3FUZyvEoHo0gGYzIHQAw&usg=AFQjCNGmeLF51Cc
2uEpRYNhn17lQp9MpHA&sig2=wRdhbx6K-vo9I4Zmnl1MCQ.
Pesquisado em: 22/06/2013, 13h45.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Função Linear e o Conceito de Proporcionalidade Direta

Função Linear e o Conceito de Proporcionalidade Direta

Olhemos para algumas situações de nosso dia a dia: 
 
Determinar a distância percorrida por um carro movendo-se com velocidade constante
Determinar o preço de certa quantidade de cadernos sabendo-se o valor unitário
Determinar o preço de um imóvel em função do CUB (custo de m2 de construção).

Todas estas situações envolvem relações entre duas variáveis x e y, a saber:
  • x = tempo e y = distância percorrida em função do tempo
  • x = número de cadernos e y = custo total
  • x = número de metros quadrados e y = custo total.
Nestes três exemplos a função tem uma propriedade importante:
se o valor da variável independente "x" dobra, o mesmo acontece com o valor da variável dependente "y"; se o valor de "x" triplica, também triplica o valor de "y"; mais geralmente, se a variável "x" é multiplicada por um número natural "n", o mesmo acontece com a variável "y". Em outras palavras: o quociente "y/x" se mantém constante.
O conceito de função linear:
Uma função que estabelece entre x e y uma relação tal que y/x é constante é dita linear.
Expressamos a relação por y = a.x, "a" constante e dizemos que a variação de "y" é diretamente proporcional a variação de "x".

Vamos mostrar que o gráfico de y = a.x é uma reta, a saber a reta passando por O=(0,0) e A=(1,a).
Os pontos O=(0,0) e A=(1,a) estão no gráfico da função, pois suas coordenadas satisfazem a relação y = a.x.Seja P=(x,y) é um outro ponto qualquer neste gráfico.
Os triângulos OPC e OAB são semelhantes porque ambos tem um ângulo reto e y/a = x/1 (lembre-se que y/x = a/1, já que P=(x,y) está no gráfico da função).
Segue-se disto que os ângulos POC e AOB são congruentes, e como tem em comum o lado OC segue que P, A e O estão alinhados. Ou seja P está na reta passando por O e A.

Uma observação importante: nos exemplos apresentados acima as funções são crescentes e as variáveis envolvidas estão em relação de proporcionalidade direta. Vamos olhar para outras situações:

  • Função crescente com variáveis que NÃO estão em relação de proporcionalidade direta:
    - O crescimento populacional em função do tempo.
    A medida que passa o tempo, a população de um país aumenta, mas não em proporcionalidade direta. Observe a tabela abaixo:

    ANOSPOPULAÇÃO (milhões)
    1940
    40
    1950
    50
    1960
    70
    1970
    93
    1980
    119
    1990
    150

    Para intervalos iguais de "anos", temos intervalos cada vez maiores de "população".
  • Função decrescente e variáveis em relação de proporcionalidade direta:
    - Um exemplo para esse caso seria a reta y = -x.
Fica a seu critério encontrar um exemplo prático do nosso dia-a-dia.

Pesquisado em: http://penta.ufrgs.br/edu/telelab/mundo_mat/cfuncao/linear.htm em 20/06/2013, 16h00.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Proporcionalidade na Geometria

  • Proporcionalidade na Geometria
Introdução
  • O que é semelhança em geometria
Na Matemática é a Geometria que trata da semelhança de figuras de mesmo formato (forma).Uma ampliação, uma redução e até uma congruência de figuras são exemplos claros de semelhança.
Para que duas ou mais figuras (ou objetos) sejam semelhantes, duas condições são necessárias:
  1. Os ângulos correspondentes devem ser iguais.
  2. Os comprimentos correspondentes devem ser proporcionais.
Veja a figura:
  • Note que os dois compassos tem exatamente a mesma forma e tamanhos diferentes.
  • Note que nos dois triângulos os ângulos correspondentes são iguais e que a razão entre os lados (comprimentos) é 2. Temos:EF=8 e BC=4 logo; EF/BC = 8/4 = 2.DE=12 e AB=6 logo; DE/AB = 12/6 = 2.DF=5 e AC=2,5 logo; DF/AC = 5/2,5 = 2.
Entre as FIGURAS GEOMÉTRICAS PLANAS que são semelhantes, temos:
  • Todos os círculos;
  • Todos os quadrados.
Entre as FIGURAS GEOMÉTRICAS PLANAS que nem sempre são semelhantes, temos:
  • Os retângulos;
  • Os triângulos.
Entre os SÓLIDOS GEOMÉTRICOS que são semelhantes, temos:
  • Todas as esferas;
  • Todos os cubos.
Entre os SÓLIDOS GEOMÉTRICOS que nem sempre são semelhantes, temos:
  • Os cones;
  • Os paralelepípedos.
Triângulos Congruentes
Quando dois triângulos determinam a congruência entre seus elementos. Casos de congruência:
1º LAL (lado, ângulo, lado): dois lados congruentes e ângulos formados também congruentes.
2º LLL (lado, lado, lado): três lados congruentes.
3º ALA (ângulo, lado, ângulo): dois ângulos congruentes e lado entre os ângulos congruente.
4º LAA (lado, ângulo, ângulo): congruência do ângulo adjacente ao lado, e congruência do ângulo oposto ao lado.
Através das definições de congruência de triângulos podemos chegar às propriedades geométricas sem a necessidade de efetuar medidas. A esse método damos o nome de demonstração. Dizemos que em todo triângulo isósceles, os ângulos opostos aos lados congruentes são congruentes. Os ângulos da base de um triângulo isósceles são congruentes.
05
Dois triângulos (ou de forma geral, duas figuras planas) são congruentes quando têm a mesma forma e as mesmas dimensões, ou seja, o mesmo tamanho.
Já a semelhança entre triângulos, objeto do artigo, aborda o conceito mais amplo onde se tem triângulos com a mesma forma, mas não necessariamente com o mesmo tamanho. Em outras palavras, congruência é um caso particular de semelhança entre triângulos no sentido de que se dois triângulos são congruentes necessariamente eles são semelhantes.

Exercícios: (Congruência)

1- De acordo com a indicação feita na figura, responda:

- Qual e o caso de congruência que permite afirmar que x = y ?

Resposta: Lado-Lado-Lado.

2 – Os triângulos ABR e MNP são congruentes. Pelas indicações, determine o caso de congruência das medidas x e y.
Resposta: Lado-Ângulo-Lado

Semelhança de Triângulos
  • Critério AA => Ângulo-Ângulo: Se dois triângulos têm dois ângulos internos correspondentes congruentes, então os triângulos são semelhantes.
  • Demonstração:
No caso dos dois triângulos serem congruentes, nada há a demonstrar, pois por definição de congruência os triângulos são necessariamente semelhantes. Suponhamos, então, como indicado na figura, o triângulo ABC maior que o triângulo DEF e construamos o triângulo AGH tal que a medida do lado AG seja igual à medida do lado DE, o ângulo G congruente ao ângulo E e H sobre o lado AC.
  • Critério AAA => Ângulo-Ângulo-Ângulo: Se os ângulos de um triângulo forem respectivamente congruentes aos ângulos correspondentes de outro triângulo, então os triângulos são semelhantes.
  • Critério LAL => Lado-Ângulo-Lado: Se as medidas de dois dos lados de um triângulo são proporcionais aos lados do outro triângulo e os ângulos determinados por estes lados são congruentes, então os triângulos são semelhantes.
  • Critério LLL => Lado-Lado-Lado: Se as medidas dos lados de um triângulo são respectivamente proporcionais às medidas dos lados correspondentes de outro triângulo, então os triângulos são semelhantes.
Dizemos que dois triângulos são semelhantes se, e somente se, possuem seus três ângulos ordenadamente congruentes e os lados homólogos (homo = mesmo, logos = lugar) proporcionais.
Traduzindo a definição em símbolos:
Observe que as três primeiras expressões entre os parêntesis indicam a congruência ordenada dos ângulos e a última a proporcionalidade dos lados homólogos.
Em bom português, podemos, ainda, definir a semelhança entre triângulos através da frase: dois triângulos são semelhantes se um pode ser obtido pela expansão uniforme do outro.

Exercícios:
1 - Numa fazenda em que o galpão para a criação de galinhas, está dividido para separar as matrizes, filhotes, reprodutores etc, têm os tamanhos mostrados na figura abaixo, qual o comprimento aproximado da região vermelha destinada as matrizes?


Resolução:



X = 70
2 – Um zootecnista divide um canteiro triangular, destinado a cultura de flores tropicais, obtendo os valores a seguir. Qual a extensão do trecho marcado com x ?


Ao verificar que um lado é maior e que há a proporção de 3 para 1, conclui-se que a resposta é 9.

3 - Um Zootecnista elaborou um projeto para acompanhar o crescimento de equinos, utilizando gramínea como base alimentar. Em uma das visitas para fazer a medição dos animais observou-se, em um deles, os seguintes resultados:

  • No membro toráxico, do caso a região do joelho obteve-se 25 cm.
  • No membro pélvico, do casco aos ossos do tarso obteve-se 20 cm.
  • E dos ossos do tarso às ultimas vértebras sacrais obteve-se 80 cm

(observe os pontos na figura)

Quando chegou em casa e alisou os resultados, lembrou que não havia feito a medição do joelho a cartilagem escapular desse animal. Lembrando que é feito todo esse mesmo processo a cada 2 meses e que consequentemente irá haver alteração no tamanho do animal caso deixe para medir na próxima visita. E agora, qual solução?

Obs.: Não há mínima possibilidade de ele voltar e fazer o que esqueceu, nem ao menos mandar alguém medir, pois caso aconteça algum erro os resultados não serão favoráveis na conclusão do projeto.



Traçando retas paralelas e transversais.


Resolução:

25    20
__ = __

X      80

=> 20x = 2000 =>  X = 1 metro


Conclusão
No trabalho apresentado, teve-se a oportunidade de interpretar alguns aspectos históricos que cercam o desenvolvimento da geometria. Tivemos a oportunidade de investigar o desenvolvimento do pensamento geométrico em diferentes contextos profissionais existentes, de modo a relacionar as práticas investigadas com a geometria aprendida.

Referências Bibliográficas:
=>LOUREIRO, Cristina et al.Geometria. Lisboa: Ministério da Educação, 1998
=>
http://pt.scribd.com/doc/18059421/geometria-proporcional-nm1
=>http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica-pedagogica/teorema-tales-proporcao-aplicada-geometria-594437.shtml
=>http://www.brasilescola.com/matematica/teorema-tales.htm

domingo, 16 de junho de 2013

Proporcionalidade inversa

Grandezas inversamente proporcionais

Diz-se que duas grandezas relacionadas são inversamente proporcionais se, quando o valor de uma dela é multiplicado por um número, então o valor da outra fica dividido por esse mesmo número.

Quando duas grandezas relacionadas x  e y são inversamente proporcionais, o produto x.y , entre o valor e  e o valor correspondente de , é constante.

Problemas envolvendo grandezas inversamente proporcionais
Vamos agora resolver alguns problemas que envolvem grandezas inversamente proporcionais. Novamente, lembre-se de tentar resolver sozinho cada problema, antes de ler a resolução apresentada.

Problema 1: Se 3 torneiras de mesma vazão conseguem encher um reservatório em 2 horas, em quanto tempo esse reservatório ficará cheio caso apenas duas torneiras sejam abertas?
Primeira solução: Observe que se a quantidade de torneiras abertas dobrar, o tempo necessário para o reservatório encher irá cair para a metade. Do mesmo modo, se a quantidade de torneiras abertas for multiplicada por três, o tempo necessário para o reservatório encher será dividido por três. De modo geral, se a quantidade de torneiras for multiplicada por um número, o tempo necessário para elas encherem o reservatório será dividido por esse número. Isso implica que as grandezas relacionadas "quantidade de torneiras" e "tempo necessário para o reservatório encher" são inversamente proporcionais. Assim, o produto de valores correspondentes dessas grandezas é constante. Podemos utilizar isso para resolver o problema observando que:
  • com 3 torneiras abertas o reservatório fica cheio em 2 horas e,
  • com 2 torneiras abertas o reservatório fica cheio em  horas, onde queremos calcular o valor de .
Logo , ou seja, . Portanto, quando apenas duas torneiras estão abertas o reservatório fica cheio em três horas.

Segunda solução (redução a unidade): Na solução anterior observamos que se multiplicarmos a quantidade de torneiras por um número, o tempo necessário para elas encherem o reservatório será dividido por esse número. Isso implica, como 3 torneiras enchem o reservatório em 2 horas, que  torneira irá encher o reservatório em  horas. Mais ainda,  torneiras irão encher o reservatório em  horas. Portanto, duas torneiras enchem o reservatório em 3 horas.

Observe que o raciocino desenvolvido acima pode ser representado esquematicamente do seguinte modo:

Problema 2: Se uma torneira despeja 6 litros de água por minuto em um reservatório, serão necessário 35 minutos para ele ficar completamente cheio. Caso essa torneira despeje 10 litros de água no reservatório por minuto, em quanto tempo ele fica completamente cheio?
Primeira solução: Observe que se vazão de água da torneira dobrar, o tempo necessário para ela encher o reservatório será dividido por dois. Do mesmo modo, se essa vazão for multiplicada por três, o tempo necessário para o reservatório encher será dividido por três. Ou seja, se multiplicarmos a vazão da torneira por um número, o tempo necessário para ela encher o reservatório será dividido por esse número. Isto significa que as grandezas "vazão da torneira" e "tempo necessário para ela encher o reservatório" são inversamente proporcionais, como já havíamos observado no exemplo 7. Portanto, o produto de valores correspondentes destas duas grandezas é uma constante. Como
  • se a torneira despeja 6 litros de água por minuto o reservatório fica cheio em 35 minutos e,
  • queremos calcular o tempo necessário para essa torneira encher o reservatório, caso sua vazão seja igual a 10 litros por minuto,
podemos então escrever a equação . Isso implica que . Portanto, quando a torneira despeja 10 litros de água no reservatório, ela gasta 21 minutos para enchê-lo.
Segunda solução (redução a unidade): Como as grandezas "vazão" e "tempo" são inversamente proporcionais, ao multiplicarmos o valor de uma dessas grandezas por um número, a outra grandeza fica multiplicada por esse mesmo número. Assim, podemos utilizar esse fato para resolver o problema de acordo com o esquema a seguir.
Portanto, quando a torneira despeja 10 litros de água no reservatório, ela gasta 21 minutos para enchê-lo.
Terceira solução: Após observar que as grandezas "vazão da torneira" e "tempo necessário para ela encher o reservatório" são inversamente proporcionais, podemos resolver esse problema através do método prático da regra de três inversa. Para isso, construímos um esquema, como o exemplificado a seguir, mostrando valores correspondentes dessas duas grandezas.
Vazão tempo
6 litros por minuto 35 minutos
10 litros por minuto minutos

Mas, neste caso, como as grandezas são inversamente proporcionais, em vez de multiplicar em cruz, multiplicamos os números que aparecem na mesma linha e igualamos os resultados obtidos. Nesse caso, obtemos a equação , cuja solução é .

Problema 3: Viajando a 60 quilômetros por hora, um carro gasta 3 horas para sair de uma cidade A e chegar em uma cidade B. Caso esse carro viaje a 80 quilômetros por hora, quanto tempo ele levará para fazer essa mesma viagem?
Primeira solução: Observe que se a velocidade do carro dobrar, então o tempo necessário para ele fazer essa viagem será dividido por dois. Ou ainda, se a velocidade do carro triplicar, então o tempo necessário para ele fazer a viagem será dividido por três. Em geral, se a velocidade for multiplicada por um número, então o tempo necessário para o carro fazer essa viagem será dividido por esse número. Isso implica que as grandezas relacionadas "velocidade do carro" e "tempo necessário para ele fazer a viagem entre as duas cidades" são inversamente proporcionais. Logo, o produto dos valores correspondentes dessas grandezas é constante. Sabemos que a 60 quilômetros por hora, o carro gasta 3 horas para fazer a viagem. E se a 80 quilômetros por hora ele gasta  horas, então podemos escrever a equação . Isso implica que . Portanto, a 80 quilômetros por hora o carro gasta 2,25 horas para sair da cidade A e chegar na cidade B.
Observe que 2,25 horas é o mesmo que 2 horas e 15 minutos.
Segunda solução (redução a unidade): Como as grandezas "velocidade" e "tempo" são inversamente proporcionais, ao multiplicarmos o valor de uma dessas grandezas por um número, a outra grandeza fica multiplicada por esse mesmo número. Assim, podemos utilizar esse fato para resolver o problema de acordo com o esquema a seguir.
Portanto, a 80 quilômetros por hora o carro gasta 2,25 horas para sair da cidade A e chegar na cidade B.

Terceira solução: Como as grandezas envolvidas neste problema são inversamente proporcionais, podemos resolver o problema através da regra de três inversa. Para isso, costuma-se apresentar os dados do problema em um esquema como o exemplificado a seguir.
60 km/h 3 horas
80 km/h horas
Multiplicando os números que aparecem em uma mesma linha da tabela acima, obtemos a equação , ou seja, .

Problema 4: Viajando a 80 quilômetros por hora, um carro gasta 3 horas para sair de uma cidade A e chegar em uma cidade B. Com que velocidade constante ele deve trafegar para fazer essa mesma viagem em apenas duas horas e meia?
Primeira solução: Como observado no exemplo anterior, no caso de descolamentos com velocidade constante, as grandezas relacionadas "velocidade do carro" e "tempo necessário para ele fazer a viagem entre as duas cidades" são inversamente proporcionais. Logo, o produto dos valores correspondentes dessas grandezas é constante. Sabemos que a 80 quilômetros por hora, o carro gasta 3 horas para fazer a viagem. E se a  quilômetros por hora ele gasta 2,5 horas, então podemos escrever a equação . Isso implica que . Portanto, para fazer a viagem entre a cidade A e a cidade B em 2,5 horas o carro deve trafegar a 96 quilômetros por hora.

Segunda solução (redução a unidade): Como as grandezas "velocidade" e "tempo" são inversamente proporcionais, ao multiplicarmos o valor de uma dessas grandezas por um número, a outra grandeza fica multiplicada por esse mesmo número. Assim, podemos utilizar esse fato para resolver o problema de acordo com o esquema a seguir.

Portanto, para fazer a viagem entre a cidade A e a cidade B em 2,5 horas o carro deve trafegar a 96 quilômetros por hora.
Terceira solução: Como as grandezas envolvidas nesse problema são inversamente proporcionais, podemos resolver o problema através da regra de três inversa. Para isso, costuma-se apresentar os dados do problema em um esquema como o exemplificado a seguir.
80 km/h 3 horas
 km/h 2,5 horas
Multiplicando os números que aparecem em uma mesma linha da tabela acima, obtemos a equação , ou seja, .

Pesquisado em: http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.aspx?ID_OBJETO=104108&tipo=ob&cp=B53C97&cb=&n1=&n2=M%EF%BF%BDdulos%20Did%EF%BF%BDticos&n3=Ensino%20Fundamental&n4=Matem%EF%BF%BDtica&b=s. Em 15/06/2013 - 21h00.