terça-feira, 3 de novembro de 2015

A desaceleração e o cinto de segurança


No impacto, o automóvel indeformável desacelerava totalmente em milésimos de segundos. Motorista e passageiros eram jogados violentamente contra a direção, o painel ou para-brisa. Essa segunda colisão era fatal. Parece difícil de acreditar, mas a 50 km/h uma pessoa sofre uma desaceleração 100 vezes superior à da gravidade. É como se um homem de 70 quilos fosse esmagado por 7 toneladas — o peso de um elefante. Para que as cabeças não tivessem que sofrer essas pancadas paquidérmicas, surgiram as carrocerias deformáveis e os cintos de segurança. Enquanto amassam, as carrocerias absorvem energia e dão mais tempo ao passageiro para desacelerar. 

Os cintos, por sua vez, evitam que as pessoas sejam arremessadas contra o painel e também se deformam muitos centímetros, absorvendo outra porção do impacto. Os números impressionam. Nos carros atuais, a deformação conjunta de carroceria e cinto reduz a desaceleração de 100 para cerca de 15 g. "Sem o cinto de segurança, bater a 50 km/h equivaleria a saltar de 10 metros de altura sobre um colchonete de 3 centímetros. Com o cinto, o colchonete se transforma em um super colchão de 80 cm de espessura”. Não é à toa, portanto, que são feitas tantas campanhas em prol do uso do cinto de segurança. O assunto é levado tão a sério que, para testar sua ação conjunta com a da carroceria, as indústrias destroem anualmente dezenas de protótipos, nos quais viaja sempre a família antropométrica — uma série de bonecos dotados de sensores de desaceleração e impacto. Durante os crash tests, como são chamados esses acidentes simulados, os sensores e câmeras especiais de cinema captam tudo o que acontece dentro e fora do automóvel. 

Assim, é possível melhorar também a proteção oferecida por itens que geralmente passam despercebidos pelos usuários dos automóveis. Os mais notáveis são os encostos de cabeça, na prática muito mais que simples elemento de conforto. A verdadeira função de um encosto de cabeça é proteger o pescoço durante as colisões traseiras, quando a cabeça se comporta como um "joão-bobo·, balançando freneticamente. Um impacto traseiro a meros 28 km/h causa movimentos de até 120 graus no pescoço dos passageiros do carro da frente. Tudo em um décimo de segundo. "Com o encosto, esse ângulo não chega a 30 graus. As probabilidades de lesão na coluna cervical se reduzem consideravelmente"

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